segunda-feira, 8 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

Vida

Já perdoei erros quase imperdoáveis
Tentei substituir pessoas insubstituíveis
E esquecer pessoas inesquecíveis

Já fiz coisas por impulso
Já me desiludi com pessoas
Que nunca imaginei que me desiludiriam
Mas também desiludi alguém

Já abracei pra proteger
Já ri quando não devia
Fiz amigos eternos
E amigos que nunca mais vi

Amei e fui amado
Mas também fui rejeitado
Fui amado e não amei

Já gritei e saltei de tanta felicidade
Já vivi de amor e fiz promessas eternas
Mas também me magoei muitas vezes

Já telefonei só para ouvir uma voz
E apaixonei-me por um sorriso.
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade
Tive medo de perder alguém especial
(e acabei por perder).

Mas vivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida.
E também tu não deverias passar!

Bom é lutar com determinação
Abraçar a vida com paixão
Perder com classe
E vencer com ousadia
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E a vida é muito para ser insignificante.

Vive!!


                  Augusto Branco

Despenteadas

Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie,
por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade...
O mundo é louco, definitivamente louco...
O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro.
O sol que ilumina o teu rosto enruga.
E o que é realmente bom dessa vida, despenteia...
- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa idéia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível...
Então, como sempre, cada vez que nos vejamos
eu vou estar com o cabelo bagunçado....
mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.
É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.
Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável,
toda arrumada por dentro e por fora.
O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença:
Arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça,
coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria...
e talvez deveria seguir as instruções, mas
quando vão me dar a ordem de ser feliz?
Por acaso não se dão conta que para ficar bonita
eu tenha que me sentir bonita....
A pessoa mais bonita que posso ser!
O único, o que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.
Por isso, minha recomendação a todas as mulheres:
Entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace,
dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável!
Admire a paisagem, aproveite,
e acima de tudo, deixa a vida te despentear!
O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo..

         Autor desconhecido

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Meu amor companheiro

Meu amor companheiro
Tudo tem outro sentido com a sua presença 
     Meus olhos percebem o mundo com outros detalhes
Tudo ganha um novo registro
Cores, cheiros, sabores
Tem música em cada momento

O mundo nos convida a conhecê-lo
E é mais feliz viajar juntos
Vamos registrá-lo nos olhos
E tirar fotografias
Descobrir que a vida é bela
E fazer planos futuros

Celebrar os encontros e os amigos
Ter sempre festa e fantasia
Bebericar e filosofar nos bares da vida
Rir e pensar que tudo um dia vai passar
Vamos envelhecer juntos
Olhar para trás e testemunhar que soubemos viver.

 Gooto

Sagrado

Necessidades

Quero escrever
Me expor
Por quê?
Pra quem?
Que necessidade é essa?
Tocar o mundo de alguém?
Só quero me entender
Quero escrever
Assim sou eu:
Cheio de necessidades.

Gooto

Carências

Quem não gosta de ser amado? De receber atenção especial? Quem não gosta de beijo na boca e abraços apertados? Quem prefere a solidão a uma boa companhia?
Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se encontrando hoje, se amando amanhã e entrando em crise depois de amanhã.

Uma coisa frenética e louca, que tem feito muita gente que se julgava equilibrada perder os parafusos e fazer muita besteira. Paixão, loucura e obsessão, três dos mais perigosos ingredientes que estão crescendo nos relacionamentos de hoje em dia por causa da velocidade das informações e o medo de ficar sozinho.

As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus defeitos, vícios e qualidades e partem desesperadamente para encontrar alguém, a tal da alma gêmea, e se entregam muitas vezes aos primeiros pares de olhos que piscam para o seu lado.

Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas. É uma guerra para não ficar sozinho. Medo, medo de se encarar no espelho e perceber as próprias deficiências, medo de encarar a vida e suas lutas. Então a pessoa consegue alguém
(ou acha que está nascendo um grande amor), fecha os olhos para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si mesmo, transfere toda a sua carência para o(a) parceiro(a), transfere a responsabilidade de ser feliz para uma pessoa que na verdade ela mal conhece.

Então, um belo dia, vem o espanto, vem a realidade, o caso melado, o “falso amor” acaba, e você que apostou todas as suas fichas nesse romance fica sem chão, sem eira nem beira, e o pior: muitas vezes fica sem vontade de viver.

Pobre povo desse século da pressa! Precisamos urgentemente voltar o costume “antigo” de “ter tempo”, de dar um tempo para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.

               Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Há muito o que fazer

Um ermitão, uma dessas pessoas que, por amor a Deus, se refugia na solidão do deserto, dos bosques ou da montanha, para dedicar-se somente a oração e a penitència, reclamava muitas vezes que tinha muito que fazer.
Perguntaram-lhe como era possível que na sua solidão, tivesse tanto trabalho...
-Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e sujeitar um leão.
-Não vemos nenhum animal perto do local onde vives. Onde estão esses animais?
-O ermitão explicou:
-Todos os homens tem estes animais e vocês também!
-Os dois falcões lançam-se sobre tudo que aparece, seja bom ou mau, tenho que domá-los, para que só fixem sobre "uma" boa presa... SÃO OS MEUS OLHOS!
-As duas águias ferem e destroçam com suas garras, tenho que treiná-las para que sejam úteis e ajudem sem ferir... SÃO AS MINHAS MÃOS!
-Os dois coelhos querem ir aonde lhes agrada fugindo dos demais, e esquivando-se das dificuldades, tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos mesmo que seja penoso, problemático ou desagradável...SÃO OS MEUS PÉS!
-O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a jaula, está sempre pronta pra morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a vigio de perto causa danos...É A MINHA LÍNGUA!
-O burro é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações, alega está cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia...É O MEU CORPO!
-Finalmente preciso sujeitar o leão, ele sempre quer ser o rei, o mais importante. È vaidoso e orgulhoso...È O MEU CORAÇÃO!

Coisas que a vida ensina depois dos 40

Amor não se implora, não se pede não se espera.
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com aquilo que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Àgua é um santo remédio.
Deus inventou o choro, para o homem não explodir.
Ausências de regra é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade anda junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças torna a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar não faz de ninguém um tolo, tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que abrem portas para uma vida melhor.
O amor...ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções, destrói preconceitos, cura doenças, não há vida decente sem amor.
E é certo, quem ama é muito amado.
E vive a vida mais alegremente.


                           Artur da Távola

A lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você



                      Oswaldo Montenegro

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema do amigo aprendiz

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias.

                                   Fernando Pessoa

Loucos e santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

                                                Oscar Wilde

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Inevitáveis transições

Não queremos perder nada e, se pudéssemos, teríamos amarradas em nós todas as coisas positivas, os momentos felizes e as pessoas amadas – levando-as conosco feito um tesouro sufocante, pois o que é bom, quando agarrado com unhas e dentes, aprisiona.
...Quando falo da morte, também falo da vida. Quando falo de vida e morte, falo em relações amorosas – ou rancorosas. Quando escrevo sobre palavras ou linguagem, escrevo sobre silêncio e incomunicabilidade.
Esta é, aliás, uma das marcas do ser humano: não saber se comunicar.
Quanta dor, quanto mal-entendido, quanta calúnia, quanto abandono e incompreensão devidos a palavras e emoções mal expressas, mal ouvidas, mal sentidas, insuficientes ou excessivas. Quanta perda, ou melhor: quanto desperdício.
Mas nem todas as perdas são vida jogada fora: algumas são necessárias. É preciso saber alternar as perdas com novos ganhos. Alguns deles, aliás, dependem da anterior perda. Somos contraditórios como tudo o mais.
...Por erro de momento e cálculo, podemos perder tempo e vida – mas podemos ter novos ganhos, se não formos nem tolos nem rígidos demais, se o vício da autoflagelação não superar o de realização. Podemos ter um amor bom porque perdemos o que estava distorcido e ruim. Podemos ter uma vida nova porque superamos a outra, que era tormentosa e falsa. Podemos ter novo projeto de trabalho porque o outro não nos satisfazia mais. Isso é que chamo de arrojo, audácia positiva, salvação.

              Lya Luft

Terremotos

Dizem que passado o terremoto de Lisboa (1755), o rei perguntou ao general o que se havia de fazer. Ele respondeu ao rei:
"Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos."
Essa resposta simples, franca e direta tem muito a nos ensinar.
Muitas vezes temos em nossa vida "terremotos" avassaladores, o que fazer?
Sepultar os mortos, enterrar nossas perdas, o que passou.
Cuidar dos vivos, cuidar do presente, do que sobrou, do que realmente existe.
Fechar os portos, não deixar as "portas" abertas para novos problemas, cuidar da reconstrução, do que está por vir.

Perdas

Quem de nós já não viveu uma situação de perda na vida? São muitas ao longo de nossa existência. Ganhar ou perder são dois aspectos inerentes a vida. 
Nossa primeira perda acontece quando saimos do aconchego do útero materno. Para vivermos é preciso abondonar o útero e romper o cordão umbilical. Viver, progredir, conquistar, acontece na medida em que abandonamos situações anteriores. Para estarmos em um lugar é preciso abandonar o outro.
Em qualquer idade, perder é difícil e doloroso. Mas, de uma forma ou de outra nossas experiências de perda são determinantes em nossa formação, em nossas escolhas, em ganhos futuros.
Sabendo que  nada dura para sempre devemos amar e respeitar  cada instante de vida.  Amando e respeitando o momento do outro também. Afinal, como eu, o outro tem o direito de ser feliz.
Não devemos nos julgarmos donos de nada nem de ninguém. Somos apenas zeladores de tudo o que nos é dado nesta vida. O apego é o maior dos males, a maior fonte de dor e sofrimentos.
Acompanhar uma pessoa que teve uma perda é ter interesse no que lhe acontece e, sem fazer um culto a tristeza, permitir-lhe não estar radiante por um tempo. Cada perda tem o seu luto e cada luto tem o seu tempo e cada um de nós vive esse tempo de forma única. É importante respeitá-lo. A vida naturalmente segue e vai depender do aprendizado que tivermos com nossas perdas. 

                              Gooto

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A morte devagar


 
Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Martha Medeiros

Morremos de medo


             
"A única certeza que temos é a de que um dia iremos morrer."  Essa frase, quase um slogan da morte, causa à maioria de nós medo. É uma certeza cheia de dúvidas.  Medo de morrer propriamente dito; medo de sofrer até o momento da morte, ou no momento da morte; medo de perder tudo que achamos ser muito bom nesse mundo, apesar dele ser cheio de coisas muito ruins também; medo de não podermos mais estar na companhia das pessoas que amamos e que ainda estão vivas; medo de não termos tempo para realizar tudo que desejamos realizar nesta vida e, será que haverá outra ou outras para que nossas chances ainda aconteçam?; medo do que vem depois "dela", já que ninguém que conhecemos foi e voltou para nos contar como é, se há. Não vamos discutir sobre religião. Minha intenção é apenas falar das nossas emoções, humanas. Cada um tem a sua crença. Mas "morremos de medo" de morrer. Isso ninguém quer.

                                      Gooto

Há um tempo para cada coisa

Para tudo há um momento e um tempo para tudo o que se deseja debaixo do céu:

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.

Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.
 Eclesiaste 3, 1-8


                                                                                                    

domingo, 24 de outubro de 2010

Pensar é transgredir


Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.

Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!" O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.

Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.

Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.

Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.

Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade. Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.

E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

                                                                                                                          Lya Luft

domingo, 26 de setembro de 2010

A fita métrica do amor

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

                                                                                                                                  Martha Medeiros


                                   

O sol

O corpo fala

Não é só por meio de palavras que a gente pode se comunicar. Muitas vezes nosso corpo dá sinais que dizem muito mais que nossa boca. O corpo mostra o que está latente no ser humano, expressa as nossas ansiedades, desejos e conquistas de forma natural mesmo quando nossas palavras dizem o contrário.
Existem situações na vida com as quais dizemos que aprendemos a conviver, porém  nos incomodam, não as resolvemos nem as aceitamos. A convivência inadequada com essas situações vai alterando nosso estado emocional e pouco a pouco sintomas como depressão e síndrome do pânico vão surgindo. Esses desequilíbrios também acontem em nosso corpo na forma de dores e outros desajustes orgânicos.
Por isso é muito importante aprendermos a conhecer bem nosso corpo e estarmos atentos às alterações que ele apresenta, pois ele nos diz exatamente onde estamos falhando e em que precisamos mudar.
Essa semana comecei a ter umas reações alérgicas na pele. Começaram como pequenas placas avermelhadas que coçavam muito nos braços. De início como a maioria de nós faz, me automediquei. Mas assim como as irritações surgiam e desapareciam e eu não sabia o que estava causando aquilo, resolvi procurar um médico. Urticária. Toda reação alérgica é uma maneira do corpo nos dizer que algo está errado, ou melhor,  que ele não está gostando da maneira como estamos cuidando "dele".
Confesso: eu cuido muito mal do meu corpo. Sacrifico com excesso de trabalho, me "alimento" de muita porcaria ( I LOVE MIOJO!)  e não faço há pelo menos 2 anos nenhuma atividade física. Pior, o tempo está passando e estou envelhecendo, mas continuo tratando meu corpo como se "ele" fosse ainda um garotão. Mais uma vez eu digo: preciso mudar!!!!!!! Depois de mais um alerta estou novamente ensaiando a mudança. Preciso perseverar nesse sentido.
O corpo fala...o meu anda gritando!!!!!!!!!

        Gooto

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A paisagem

A existência é uma jornada 
que percorremos a pé 
pela paisagem da vida. 
Que a nossa bagagem seja leve
para que possamos apreciar
a beleza da paisagem.
 
 

Tempo


O despertador toca, mas meu relógio biológico diz que eu preciso dormir mais...toca de novo e levanto da cama ainda alienado. A partir daí o dia será uma corrida contra o relógio. Muita coisa a fazer, pouco tempo para realizar tudo...Os dias vão passando, as semanas, meses, anos. Quanta coisa vai ficando para trás, quantos projetos vão sendo adiados, desestimulados e até esquecidos. A academia, a arrumação do armário, cuidar do meu quarto, fazer cursos, estar com os amigos,  passar mais tempo com a família e curtir minha casa. Quantas desculpas serão criadas na tentativa de justificar minha derrota. O tempo sempre me vence. A falta dele é a minha falha.
Queremos muito? O tempo é que é pouco? Trabalhar, trabalhar, ganhar dinheiro, comprar, consumir.  Isso nos faz feliz? Quanto tempo temos para nós mesmos? Para fazer as coisas que gostamos? Quanto tempo temos dedicado para as pessoas importantes em nossas vidas? Que lazer não temos tido? O que nos impede hoje?
Você é a única pessoa capaz de definir o seu sentido de qualidade de vida. Para alguns pode ser morar perto do trabalho, fazer academia todos os dias, ter dias reservados para reuniões familiares e sociais, ter um ambiente de trabalho saudável, não trabalhar segunda-feira, acumular dinheiro, mudar de emprego, fazer meditação; se alimentar melhor ; etc.
Algumas pessoas vivem buscando algo que simplesmente nunca conseguem atingir de fato, reclamam que estão stressadas e que falta qualidade de vida. Essa busca acaba implicando em tantas mudanças que muitas vezes é mais cômodo ficar na nossa zona de conforto ( ou será desconforto?).
Qualidade de vida é uma questão de mudança de hábitos, minha vida depende das ações que faço hoje para ter um futuro melhor amanhã. Muitas pessoas passam a vida nessa busca, mas poucos querem de verdade, pois aqueles que desejam e começam a mudar, cedo ou tarde conseguem seus objetivos.
Preciso mudar!!!!!!!

                                       Gooto

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Você sabe?

"Do you know where you're going to?
Você sabe para onde está indo?
Do you like the things that life is showing you?
Você gosta das coisas que a vida está te mostrando?
Where are you going to?
Para onde você está indo?
Do you know?"
Você sabe?

"...Now looking back at all we've planned
Agora, olhando tudo aquilo que nós planejamos
We let so many dreams just slip through our hands
Nós deixamos tantos sonhos escapar de nossas mãos
Why must we wait so long before we'll see
Por que temos que esperar tanto antes de vermos
How sad the answers to those questions can be?
Quão tristes podem ser as respostas para essas perguntas?

( Theme from Mahogany)

A pobreza

Um poderoso imperador, Akbar o Grande, além de imensamente rico, era também conhecido por sua generosidade com os necessitados e tolerância com os que seguiam religiões diferentes da sua. Animado pela boa fama de Akbar, um eremita que vivia em uma gruta na floresta próxima a seu palácio, decidiu visitar Akbar e pedir-lhe um pouco de alimento para sobreviver ao inverno que se aproximava.

Dirigiu-se então ao templo, onde Akbar rezava sozinho todas as tardes e, ao chegar, viu que o Imperador estava já rezando e aguardou silenciosamente que ele terminasse suas preces. Akbar rezava em voz alta e o eremita ouviu suas palavras: "Ó Alah! O mais Misericordioso! Dá-me mais riquezas, pois preciso construir um novo palácio! Ó Supremo Mestre do Universo!

Dá-me mais terras e mais poder!" O eremita, ouvindo aquilo, começou a retirar-se do templo. Akbar notou que ele estava saindo, interrompeu suas preces e disse: "Bom homem, creio que aqui vieste para pedir-me algo....por que te retiras?" E o eremita respondeu... "Eu pensava que eu era pobre e desejava pedir-lhe alguma ajuda, mas vejo que tu és muito mais pobre do que eu, pois nada do que possuis sacia o teu desejo..."

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A questão da beleza

Trabalho com beleza e lido com a questão da vaidade pessoal e a busca por um ideal estético, que faça com que as pessoas se sintam aceitas numa sociedade cada vez mais exigente em seus padrões de beleza.
Quem nunca pensou em mudar algo em seu corpo? Quando o assunto é cabelo, e disso eu entendo um pouco, as opções de mudança são cada vez maiores. Morenas querem ficar loiras, cachos dão lugar a fios totalmente lisos e por aí vai...Eu, como profissional, procuro orientar as pessoas para que essa mudança aconteça a favor delas...mas o que fazer quando a atriz da novela aparece com um novo corte, uma nova cor de cabelos e a cliente deseja aquele visual nela própria? Bom senso nem todos têm e a ditadura estética vigente muitas vezes fala mais alto e, nessas horas, acaba sobrando para o profissional arrumar uma "solução" e fazer com que as expectativas sejam atingidas.
Os homens estão se libertando da moral de que homem não pode ter vaidade senão corre o risco de diminuir sua masculinidade, mas ainda estão longe do nivel de vaidade das mulheres, até porque a cobrança em cima delas é muito maior...em todos os sentidos. O culto à beleza submete a pessoa ao olhar do outro. É o brilho no olhar do outro que lhe confere aprovação, muitas vezes maior do que ela própria se atribui. Sendo assim, a maioria das mudanças estéticas têm como intenção transforma-se em objeto do olhar do outro, além do próprio olhar, o maior tempo possível, prorrogando ao máximo a permanência como um ser belo, admirável e não excluido numa sociedade de consumo.
Ser magro, ter um corpo sarado, um rosto sem rugas, cabelos lisos...é uma preocupação que se inicia cada vez mais cedo e o mercado da beleza está cada vez mais democrático, mas também escravizando mais e mais as pessoas.
Não sou contra a vaidade, pelo contrário, me sinto abençoado por ter uma profissão que me realiza, paga as minhas contas e ainda deixa as pessoas com as suas auto-estimas elevadas( pelo menos a maioria delas!). Mas a vaidade no sentido de cuidar-se, de gostar-se, de querer sempre estar bem consigo, independente da idade, porque o tempo passa e leva junto o frescor da pele, a agilidade dos movimentos, a tonicidade dos músculos, a cor dos cabelos e a beleza da juventude. Uma parceria com o tempo é o ideal. Saber envelhecer bem é melhor do que sofrer com a passagem do tempo, afinal, "ele não para". Aquele papo de beleza interior não é clichê, pois nesse sentido o tempo e a experiência têm o poder de aumentá-la, já a competição contra ele...
Aprenda com o tempo a conhecer-se, seus desejos, seus prazeres, suas necessidades. Beleza tem a ver com estado de espírito e nada supera a beleza da felicidade e da paz interior.

                                Gooto

terça-feira, 7 de setembro de 2010

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Amigos,
Este blog será um pequeno e aconchegante espaço para falar um pouco das minhas impressões da vida, do mundo, das pessoas, de mim mesmo...enfim, de tudo que acende o olhar.
Sejam bem vindos e sintam-se a vontade!

                                   Gooto

A canção

         








A luz que acende o olhar
Vem das estrelas no meu coração,
Vem de uma força que me fez assim,
Vem das palavras, lembranças e flores regadas em mim.
O tempo pode mudar,
A chuva lava o que já passou,
Resta somente o que eu já vivi,
Resta somente o que ainda sou.
A luz que acende o olhar
Vem pelos cantos da imaginação,
Vem por caminhos que eu nunca passei
Como se a vida soubesse de sonhos que eu nunca sonhei.
Vem do infinito, da estrela cadente,
Do espelho da alma,
Dos filhos da gente,
De algum lugar
Só pra iluminar.
A força vem de onde eu venho,
De tudo que acende e a vida calada
Me olha, e entende o que eu sou,
Tudo o que é maior
Vem do amor, vem do amor.
A luz que acende o olhar
Vem dos romances que viram poesia,
Vem quando quer, se quiser, se vier,
Vem pra acender e mostrar o amor que a gente não via.
Vem como um passe de pura magia,
Como se eu visse e jurasse que há tempo já te conhecia.
Vem do infinito, da estrela cadente, do espelho da alma,
Dos filhos da gente, de algum lugar só pra iluminar.
A força vem de onde eu venho,
De tudo que acende e a vida calada,
Me olha e entende o que eu sou,
Tudo que é maior, vem da luz que acende o olhar,
Vem das histórias que me adormeciam,
Vem do que a gente não consegue ver,
Vem e me acalma, me traz e me leva pra perto de você...
E me leva, mais pra perto de você.

                                                       Deborah Blando