quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A questão da beleza

Trabalho com beleza e lido com a questão da vaidade pessoal e a busca por um ideal estético, que faça com que as pessoas se sintam aceitas numa sociedade cada vez mais exigente em seus padrões de beleza.
Quem nunca pensou em mudar algo em seu corpo? Quando o assunto é cabelo, e disso eu entendo um pouco, as opções de mudança são cada vez maiores. Morenas querem ficar loiras, cachos dão lugar a fios totalmente lisos e por aí vai...Eu, como profissional, procuro orientar as pessoas para que essa mudança aconteça a favor delas...mas o que fazer quando a atriz da novela aparece com um novo corte, uma nova cor de cabelos e a cliente deseja aquele visual nela própria? Bom senso nem todos têm e a ditadura estética vigente muitas vezes fala mais alto e, nessas horas, acaba sobrando para o profissional arrumar uma "solução" e fazer com que as expectativas sejam atingidas.
Os homens estão se libertando da moral de que homem não pode ter vaidade senão corre o risco de diminuir sua masculinidade, mas ainda estão longe do nivel de vaidade das mulheres, até porque a cobrança em cima delas é muito maior...em todos os sentidos. O culto à beleza submete a pessoa ao olhar do outro. É o brilho no olhar do outro que lhe confere aprovação, muitas vezes maior do que ela própria se atribui. Sendo assim, a maioria das mudanças estéticas têm como intenção transforma-se em objeto do olhar do outro, além do próprio olhar, o maior tempo possível, prorrogando ao máximo a permanência como um ser belo, admirável e não excluido numa sociedade de consumo.
Ser magro, ter um corpo sarado, um rosto sem rugas, cabelos lisos...é uma preocupação que se inicia cada vez mais cedo e o mercado da beleza está cada vez mais democrático, mas também escravizando mais e mais as pessoas.
Não sou contra a vaidade, pelo contrário, me sinto abençoado por ter uma profissão que me realiza, paga as minhas contas e ainda deixa as pessoas com as suas auto-estimas elevadas( pelo menos a maioria delas!). Mas a vaidade no sentido de cuidar-se, de gostar-se, de querer sempre estar bem consigo, independente da idade, porque o tempo passa e leva junto o frescor da pele, a agilidade dos movimentos, a tonicidade dos músculos, a cor dos cabelos e a beleza da juventude. Uma parceria com o tempo é o ideal. Saber envelhecer bem é melhor do que sofrer com a passagem do tempo, afinal, "ele não para". Aquele papo de beleza interior não é clichê, pois nesse sentido o tempo e a experiência têm o poder de aumentá-la, já a competição contra ele...
Aprenda com o tempo a conhecer-se, seus desejos, seus prazeres, suas necessidades. Beleza tem a ver com estado de espírito e nada supera a beleza da felicidade e da paz interior.

                                Gooto

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